O lixo eletrônico é um problema cada vez maior no mundo, pois ele pode ser altamente poluente e danoso para o meio ambiente. Nesse sentido, existe uma forma de reaproveitar componentes eletrônicos de sucatas e, assim, minimizar esse impacto ambiental. E é isso que veremos neste post.
Informações básicas
Lixo eletrônico
Com o contínuo avanço da tecnologia, a velocidade de atualização dos equipamentos eletrônicos está cada vez mais rápida. Por conta disso, o consumo de eletrônicos aumenta e os equipamentos antigos muitas vezes são descartados ou desmontados. Esse descarte também pode ser ocasionado por um dano provocado sem intenção ou até mesmo um defeito causado pela obsolescência programada (quando o aparelho é projetado para falhar).
Independente do motivo, devemos nos preocupar com o lixo eletrônico, pois o seu descarte inadequado causa danos ambientais e prejudicam a saúde de pessoas e animais que têm um contato próximo com os materiais (de acordo a Global E-waste Monitor de 2020).
O passo 1 da sustentabilidade é reduzir, isto é, deixar de consumir aquilo que não é uma necessidade. Mas, quando o consumo já foi feito, o que podemos fazer é reaproveitar e reciclar. E o foco deste post será no reaproveitamento.
Outros motivos para querer reaproveitar componentes
Um motivo importante para querer reaproveitar, além do impacto ambiental, é no caso em que você precisa de um componente, mas ele não está disponível para compra, seja porquê ele parou de ser fabricado ou pela escassez de componentes.
Sobre o fato do componente não ser mais fabricado, aqui no site tem um post com orientações para te ajudar a escolher a peça certa e evitar de usar componentes obsoletos.
E sobre a escassez de componentes na pandemia, tem um post explicando porquê ela ocorreu, quais impactos causou e alguns detalhes adicionais.
Como reaproveitar componentes
É possível reaproveitar?
Antes de falar sobre o reaproveitamento, é importante comentar se é realmente possível fazê-lo.
Mesmo que, normalmente, todo o dispositivo seja descartado, nem todos os componentes eletrônicos dentro dele perderam seu valor. Pelo menos não por completo, pois à medida que o tempo passa, a vida útil do componente reduz, já que os materiais que são usados em sua construção envelhecem e o material pode absorver umidade. Isto é, eles podem sofrer alterações físicas e químicas ao longo do tempo resultando em um desempenho inferior no funcionamento.
Por exemplo, um capacitor eletrolítico pode perder até mais de 20% de sua capacitância total ao longo de sua vida útil (artigo de referência). Essa redução do valor nominal também ocorre com outros tipos de peças, como o indutor e a bateria. No caso das baterias, elas tem uma quantia máxima de vezes que podem ser carregadas e descarregadas e, quanto mais próximo deste limite ela estiver, menor será a capacidade efetiva da bateria.
Apesar desta perda de desempenho dos componentes, eles podem ser usados sem problemas desde que você tenha em mente as limitações deles.
Tipos de reaproveitamento
Adiante comentarei sobre tipos e objetivos diferentes para se reaproveitar um componente ou um dispositivo como um todo:
- Reutilização de dispositivos periféricos: Alguns dispositivos, como telas de exibição, teclados e mouses podem continuar sendo usados mesmo após o descarte do dispositivo principal (o computador). Quando o periférico possui uma interface que não é mais usada (ex: mouses antigos com conector P2), é possível conectá-los a novos dispositivos por meio de adaptadores ou conversores de interface;
- Peças de reposição e reparos: Alguns componentes e módulos dos equipamentos eletrônicos podem ser utilizados como peças de reposição para reparar outros dispositivos do mesmo tipo. Isso pode ser muito valioso para empresas ou instituições, reduzindo os custos de manutenção e tempo de inatividade;
- Projetos DIY: É possível desmontar equipamentos e coletar as peças eletrônicas para usar em seus próprios projetos DIY. Eu mesmo tenho um estoque de sucatas justamente para este propósito;
- Reciclagem: Os componentes eletrônicos contêm muitos materiais valiosos, como metais e elementos raros. Por meio de procedimentos profissionais de reciclagem e processamento, esses elementos podem ser efetivamente reciclados e reutilizados, reduzindo o desperdício de recursos e a poluição ambiental.
Problemas do reaproveitamento
É importante deixar claro que, embora os componentes eletrônicos continuem tendo utilidade após o descarte, ainda podem existir alguns problemas ao se fazer o reaproveitamento deles:
- Problemas de compatibilidade: Os componentes podem não ser compatíveis com os equipamentos existentes devido a atualizações tecnológicas. Seja por incompatibilidades de interface (interface que não é mais usada), frequência de operação (dispositivo RF que transmite numa frequência diferente do padrão), requisitos de tensão ou outros;
- Problemas de confiabilidade: Como não é possível ter uma certeza de quanto tempo a peça ainda tem de vida útil, surgem preocupações com sua durabilidade e confiabilidade. Então, elas podem apresentar mau funcionamento repentinamente, não sendo possível garantir sua operação estável a longo prazo;
- Obsolescência tecnológica: Os componentes podem ter uma tecnologia ou especificação mais antiga que já não atende às necessidades atuais. Podendo não coincidir com o desempenho e funcionalidade dos equipamentos modernos, limitando sua variedade de aplicações e eficácia;
- Preocupações com privacidade e segurança: Os componentes podem conter informações sensíveis dos usuários e, se não forem tratados adequadamente, pode levar a violações de dados e riscos de segurança.